sexta-feira, 11 de abril de 2008

Agripino na Caros Amigos - I

A seguir, trechos da reportagem da revista Caros Amigos com o senador José Agripino, que deu capa na edição deste mês e ainda não chegou a todas as bancas natalenses:
(...) "Apesar de ruim de urna, Tarcísio tem fama de bom administrador – sob a batuta dos generais foi presidente do extinto Ipase, Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado. Mostrou-se desde cedo um filhote da ditadura implacável, ávido pelo poder. A partir de 1975, montou uma estrutura de trabalho social preconizada pelo II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) e se fez o senhor da política estadual, indicando o primo e compadre, o médico Lavoisier Maia, seu secretário de Saúde, para sucedê-lo na chefia do governo em 1979.
Segundo José Antônio Spinelli, sociólogo e professor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, esse processo de sucessão deu início à montagem de uma máquina política poderosa, que ocuparia o poder por longos anos.
– Essa composição de poder vai ser extremamente receptiva aos interesses do setor econômico moderno que se consolida nos anos 60 e 70. Mas, assim como seus adversários históricos, os aluizistas, trazia a marca do velho na origem, a utilização do nepotismo como forma de se reproduzir.Por sua vez, Lavoisier indica para a prefeitura da capital o filho de seu primo Tarcísio, José Agripino Maia, 34 anos, jovem engenheiro da EIT, uma empreiteira potiguar, de sólidas ligações com governos do Nordeste.
Antes de nomeado, José Agripino prestava serviço para a EIT em São Luís, onde a empresa mantém escritório até hoje. Spinelli confirma: a indicação de quadros técnicos, jovens, ligados ao empresariado de ponta, para as capitais nordestinas, obedecia à estratégia de perpetuação do regime autoritário.
Embora dependente dos recursos e das diretrizes técnicas do governo federal, José Agripino, bom de palanque, desembarca no Rio Grande do Norte, disposto a tocar, a qualquer custo, o projeto de poder do velho Tarcísio, seu pai. Inicia em 1979 um programa habitacional que o torna popular.Natural de Mossoró, filho de pai paraibano e mãe baiana, José Agripino faz parte do ginásio em Natal, no Colégio Marista, onde estudam os filhos da pequena burguesia. Aos 13 anos muda para o Rio, onde cursa o Colégio Andrews. Gradua-se em engenharia civil e faz pós-graduação em estabilização de taludes.
Analisada friamente, a trajetória de ânsia pelo poder de José Agripino é exemplo de sucesso nas urnas: governador em 1982, na primeira eleição direta pós-1964, contra ninguém menos que Aluízio Alves; e novamente em 1990, em disputa com o primo Lavoisier Maia (o mesmo que o nomeou filhote-prefeito em 1979); e depois senador por dois mandatos.
Texto extraído do Diário de Natal - coluna de Carlos Magno

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